quarta-feira, 9 de novembro de 2011

do princípio


Foto: meu companheiro e eu nos primeiros minutos de vida de nossa filha


Deve ter mais ou menos um ano e meio que estou ensaiando criar um blog. Comecei com umas ideias pouco consistentes, um espaço para falar das minhas opiniões a respeito das “coisas da vida” etc e tal.


Vi que era a mais pura perda de tempo. Que quem se interessaria em saber a minha opinião a respeito de qualquer coisa! Para mim é importante criar um blog que seja lido, não apenas por mim, mas por aqueles que estão em busca de alguma coisa.
Alguns podem interpretar isso como uma postura pretenciosa da minha parte, mas na minha vida eu tenho cada vez mais buscado despender energia naquilo que venham frutificar coisas boas, em mim e nas pessoas.

Foi então que surgiu a ideia desse blog, Parto Natural.
Falo de Parto Natural porque foi a forma que eu escolhi para ter a minha primeira filha, então estou tratando de um assunto que não é mera especulação de minha parte, mas sim, falo com conhecimento de causa. Isso não quer dizer que quem não passou por essa experiência não possa falar do mesmo. De forma alguma. Eu mesma, tenho a grata satisfação (e privilégio) de conhecer algumas pessoas que falam de Parto Natural até bem melhor do que eu. A diferença nesse caso é que o ato de experienciar essa vivência traz consigo a condição do “senti na pele”, algo importante em se tratando de uma escolha com esse tamanho de intensidade.

Parto Natural é um tipo de parto humanizado. No parto Natural não há intervenções médicas de nenhuma natureza. Na minha interpretação, tem esse nome porque, dentre outras explicações, deixa a natureza agir. Os profissionais que dão assistência ao parto natural auxiliam a mulher a ficar o mais confortável possível, mas pouco ou nada interverem no processo dessa mulher.

Num parto natural não haverá anestesia peridural ou raquidiana para alívio da dor. Num parto natural, a mulher não usa soro de nenhuma espécie, nem recebe qualquer tipo de medicamento para “amolecer” o colo do útero. No parto natural a parturiente tem total autonomia para escolher as posições que mais lhe confortam durante o trabalho de parto e na hora do parto em si. Também não há episiotomia (corte transversal na vagina, conhecido popularmente como “pique”), pois compreende-se a vagina como um músculo dotado de elasticidade e alta capacidade de regeneração (um tecido similar ao que reveste o interior da boca), o que significa que não há necessidade de cortar a vagina da mulher, pois ela tem capacidade de expandir e permitir a passagem da cabeça do bebê (num outra oportunidade volto a esse assunto. Não há radicalismos aqui e reconheço que há casos onde esse procedimento é necessário).

Uma revista não especializada até publicou, recentemente, uma matéria falando a respeito de partos “humanizados” que também poderiam ser naturais em instituições hospitalares. Bom, o que ouço das colegas Doulas que já estão nessa caminhada há muito mais tempo que eu é que um parto natural em uma instituição hospitalar é algo muito difícil - para não usar a palavra ilusão.

E por que dizem isso? Bom, primeiramente porque nas instituições hospitalares, sobretudo no nosso contexto brasileiro, fortemente influenciado pelo paradigma norte-americano, onde o enfoque dado pelos profissionais da área é a doença e não a saúde, o que se tem é um cenário onde parte-se do pressuposto do pior, da fatalidade. Ou seja, a tecnologia que deveria ser usada como uma aliada para os casos onde ela fosse realmente necessária é usada de forma indiscriminada, como procedimento de rotina. Nessa ceara entram várias coisas: doppler fetal, aplicar soro na parturiente, dieta zero (sem alimento e sem líquido) e por aí vai. Ou seja, uma série de condições que acabam levando a mulher a sofrer intervenções durante o seu processo do parto.

É importante dizer que parto natural em momento algum significa parto domiciliar (que é um tipo de parto natural) ou mesmo parto desassistido. Um parto natural é, sobretudo aquele onde os envolvidos acreditam no poder da natureza, no poder da mulher de gerar, nutrir e parir. Um parto natural compreende mãe-bebê como um binômio, onde o bem estar da mãe não está acima do bem estar do bebê e vice-versa. No parto natural, os dois são beneficiados com a experiência, pois ambos recebem a descarga hormonal oriunda, principalmente, da ocitocina (hormônio conhecido como hormônio do amor, pois está presente nas situações de prazer e afeto da vida humana – orgasmo e produção do leite). Ambos, mãe-bebê, se esforçam para encontrar um ao outro. A mulher “morre” simbolicamente para que dois seres nasçam: o bebê e essa nova mulher, agora mãe, leoa, guerreira. Esse é o parto natural que eu defendo e que cada vez mais mulheres querem experienciar.

Um comentário:

  1. A benção na caminhada de uma família e de uma criança é o direito de nascer das formas como a natureza nos criou.
    Gostei um tanto da iniciativa do blog e recomendo a leitura.
    Julio Mariano

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